quarta-feira, 14 de junho de 2017

João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto nasceu no dia 9 de janeiro de 1920 e faleceu no dia 9 de outubro de 1999. Foi um dos maiores poetas brasileiros, destacando-se pela Literatura Sertaneja, fazendo parte da terceira fase moderna. Foi agraciado com vários prêmios literários, entre eles o Prêmio Neustadt, tido como o "Nobel Americano", sendo o único brasileiro galardoado com tal distinção. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura. O escritor foi membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 37.

Obras

  • Pedra do Sono
  • Os Três Mal-Amados
  • O Engenheiro
  • Psicologia da Composição com a Fábula de Anfion e Antiode
  • O Cão sem Plumas
  • Poesia e composição
  • O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife
  • Morte e Vida Severina
  • Dois Parlamentos
  • Quaderna
  • A Educação pela Pedra
  • Museu de Tudo
  • A Escola das Facas
  • Auto do Frade
  • Agrestes
  • Crime na Calle Relator
  • Primeiros Poemas
  • Sevilha Andando
  • Tecendo a Manhã

Morte e Vida Severina

— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.




quarta-feira, 17 de maio de 2017

Influências do Modernismo e da Segunda Guerra Mundial

O marco principal do Modernismo foi a Semana de Arte Moderna e sua principal característica foi a liberdade artística, ou seja, não existe regras para a criação de uma arte. Tal liberdade pode ser associada à liberdade de expressão, algo extremamente relevante que tomou força nesse período literário.

O movimento começou logo depois da Primeira Guerra Mundial e durante a primeira fase moderna houve a queda da bolsa de valores de Nova York, causando grande depressão econômica. Mas foi na segunda fase que a principal característica do período tomou ainda mais força por causa da Segunda Guerra Mundial.

Adolf Hitler, líder da Alemanha, tinha um forte dom de persuasão, convenceu a maioria de seu povo erma uma raça pura, que nunca haviam se rendido na derrota da Primeira Guerra Mundial e de que deveriam ser a maior potência do mundo, dominando outros territórios. A Alemanha já havia conseguido territórios, porém, a obsessão de Hitler por mais deu início à Segunda Guerra Mundial em 1939. Os Nazistas alcançaram êxito em várias de suas batalhas, mas foram derrotados em 1945, dando fim à guerra. No decorrer do conflito, Hitler perseguiu os judeus que viviam na Europa, um ódio que ele consumia desde que a Alemanha perdeu o domínio do antigo Império Austro-Húngaro na Primeira Guerra Mundial. O holocausto foi um dos maiores massacres da história: escravizou, torturou e matou milhões de judeus.

Se fizermos uma enquete perguntando se alguém admira Hitler, apoia suas ideias, dificilmente encontraremos respostas afirmativas. A humanidade odeia o homem conhecido por ser um dos maiores assassinos da história (e realmente foi). Mas a verdade é que as pessoas ficam indignadas com essa história justamente porque virou história. É passado. O passado serve para nos lembrarmos de não cometermos os mesmos erros. É fácil sensibilizar-se com algo que já acabou, mas e o presente? Síria, Venezuela, Coreia do Norte... Guerras atuais. Até mesmo preconceitos que nos fazem pensar que nossa cultura, nosso modo de vida, nossa opinião é a melhor, a única correta. Olhamos para grupos diferentes com repugnância, basta ter hábitos, vestes, opiniões, religião ou sexualidade diferente. A grande diferença é que Hitler tinha poder. Portanto, tomemos cuidado! Precisamos semear mais respeito e menos preconceito.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Futurismo

O Futurismo foi um movimento moderno iniciado pelo poeta italiano Filippo Marinetti em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista no jornal francês Le Figaro.


Os artistas desse movimento rejeitavam o moralismo e o passado. Eles exaltavam a Revolução Industrial, que começou no século XIX, a urbanização, o avanço tecnológico e, alguns mais extremos, valorizavam a guerra e a violência.


Em suas pinturas, era bastante aparente o uso de cores. Utilizavam formas geométricas para transmitir deformação. Não se preocupavam com a forma dos objetos, mas com seu dinamismo; queriam colocar os objetos em ação.


Eles valorizavam a propaganda como forma de comunicação e suas poesias eram cheias de onomatopeias e frases fragmentadas, para passar a ideia de velocidade.

Ode triunfal
Álvaro de Campos
"À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu [sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos [modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! "



Cubismo

Cubismo foi um movimento das artes plásticas que deu início na primeira metade do século XX. Seus principais fundadores foram Georges Braque e Pablo Picasso, sendo este o autor do quadro Les Demoiselles d''Avignon (As Senhoritas de Avignon) de 1907, o qual foi marco do Cubismo.


Influenciado por esculturas africanas, Picasso trata da nudez feminina com figuras geométricas, e não através de curvas, como seria o tradicional.

A característica predominante desse período era a representação de figuras geométricas nas pinturas, pois não tinham nenhum compromisso com a forma real das coisas. Apesar da visão ousada dos artistas, tratavam de temas convencionais como autos-retratos e natureza morta.


Havia duas linhas do Cubismo: o Cubismo Sintético representava sua arte com base em observações e o Cubismo Analítico trabalhava com colagens.




terça-feira, 25 de abril de 2017

Dadaísmo

O Dadaísmo foi um movimento artístico criado em 1916 em Zurique, cidade suíça, durante a Segunda Guerra Mundial, com participação de Tristan Tzara, Marcel Duchamp, Hans (ou Jean) Arp, Julius Evola, Francis Picabia, Kurt Schwitters, Max Ernst e Man Ray.

Após folhear o dicionário, o movimento foi nomeado Dadaísmo porque dada é uma palavra francesa que significa "cavalinho de pau". Os criadores queriam justamente expressar que o manifesto não fazia sentido, assim como a fala de um bebê.



Os dadaístas queriam desconstruir conceitos artísticos tradicionais e criticavam o consumismo, o nacionalismo e a Primeira Guerra Mundial.

Duchamp pegava objetos que encontrava e exibia-os como obra de arte.


Kurt Schwitters produzia telas de pedaços de papel que encontrava.


Tristan Tzara escreveu o poema que foi um dos maiores marcos da Literatura Dadaísta:

Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

Movimento Antropofágico

Criado em 1928, Oswald de Andrade usa o Movimento Antropofágico para reforçar o Movimento Pau-Brasil, porém neste as ideias são mais políticas e a linguagem, mais literária. Após uma reunião na casa de Mário de Andrade, o manifesto foi publicado na Revista de Antropofagia com a ajuda de Raul Bopp e Antônio de Alcântara Machado.


Nesses manifestos, os autores foram influenciados pela filosofia, utilizando ideologias de pensadores como Sigmund Freud, Karl Marx, André Breton, Francis Picabia, Rousseau, Montaigne e Hermann Keyserling.

As obras continuaram sendo primitivistas e, ainda influenciados pela vanguarda europeia, buscavam a arte de exportação. No entanto, diferente do Pau-Brasil, os antropofagistas começaram a repensar a dependência cultural brasileira.

Os autores do movimento utilizavam linguagens metafóricas para recontar histórias brasileiras. Além disso, enfatizavam culturas latinas, ameríndias, africanas, norte americanas e europeias como forma de ironizar a submissão da elite e de propor autonomia cultural.


O Manifesto Antropofágico tem como marco principal a pintura Abaporu de Tarsila do Amaral, o livro Cobra Norato de Raul Bopp e a música As Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos. Posteriormente, a Antropofagia também influenciou a Bossa Nova e o Tropicalismo, dois casos de "deglutição" e "devoração crítica" propostos por Oswald de Andrade.







segunda-feira, 24 de abril de 2017

Movimento Pau-Brasil


O movimento Pau-Brasil surgiu em 1924 com a publicação do livro Pau-Brasil de autoria de Oswald de Andrade e ilustração de sua esposa Tarsila do Amaral.

O grupo buscava uma arte primitivista, com redescoberta do mundo e principalmente do Brasil. Eram fortemente influenciados pela vanguarda europeia e intencionavam a exportação de suas obras, motivo pelo qual o nome era pau-brasil, pois este foi o primeiro produto brasileiro a ser exportado.


Oswald de Andrade era muito crítico e defendia o nacionalismo a sua maneira, o que resultou oposições, como o movimento Verde-Amarelo. O "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" é o texto mais importante do movimento, escrito por Oswald de Andrade:

"A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
....
O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.”



Movimento Verde-Amarelo


O Movimento Verde-Amarelo ou Movimento Verde-Amarelismo é um grupo que surgiu na primeira fase do Modernismo e foi constituído por Menotti del Picchia (1892-1988), Plínio Salgado (1895-1988), Guilherme de Almeida (1890-1969) e Cassiano Ricardo (1895-1974).

Era um grupo ufanista, pois era evidente um intenso nacionalismo puro e mencionavam constantemente a história do país, como um retorno ao passado e valorização da cultura brasileira. Tinham características nazifascistas, já que mostravam-se racistas em várias de suas citações, defendendo as fronteiras nacionais para que não houvesse mistura de raça e cultura.

"Combatemos, desde 1921, a velha retórica verbal, não aceitamos uma nova retórica submetida a três ou quatro regras, de pensar e de sentir. Queremos ser o que somos: brasileiros. Barbaramente, com arestas sem auto-experiencias, sem psicanálises e nem Teoremas."

Graças a esse movimento foi criada a Escola da Anta, a qual adquiriu tal nome por ser símbolo da tribo Tupi, a maior da história do Brasil.




Em 17 de maio de 1929, o grupo se manifesta através do jornal paulistano Correio do Povo com uma publicação intitulada Nhengaçu Verde-Amarelo:

"O grupo 'verdamarelo', cuja regra é a liberdade plena de cada um ser brasileiro como quiser e puder; cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu povo através de si mesmo, da própria determinação instintiva; - o grupo 'verdamarelo', à tirania das sistematizações ideológicas, responde com a sua alforria e a amplitude sem obstáculo de sua ação brasileira (...) Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro delas mesmo que faremos a inevitável renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a alma da nossa gente, através de todas as expressões históricas. Nosso nacionalismo é 'verdamarelo' e tupi. (...)"




Linguagem Digital


Linguagem Digital é o tipo de linguagem que predomina esta geração, pois refere-se ao novo tipo de interação social e acesso à informação. Através do "mundo" digital, as pessoas conversam, veem vídeos, leem revistas, jornais e livros (e-books).

A procura por notícias e literatura no papel diminuiu muito nos últimos tempos e tende a diminuir cada vez mais. O interesse por cursos online cresceu e o uso de cartas por correio praticamente se extinguiu.

Além disso, a linguagem digital é mais sucinta. Portanto, é natural a abreviação de palavras e códigos específicos para expressar emoção.


A maioria dos educadores, principalmente aqueles que atuam na área da gramática, preocupam-se bastante com escritas incorretas ocasionadas pelo uso constante da linguagem informal na esfera digital. Porém, até as pessoas mais instruídas recorrem a abreviações para comunicar-se virtualmente. Sem contar que estudiosos precisam considerar o fato da língua ser mútua.


Seria interesse as escolas explorarem a novidade para usarem isso a seu favor. Uma forma de atrair os alunos para o aprendizado. O ensino é muito mais eficaz quando utiliza-se algo que já faz parte do cotidiano e do interesse do aluno. Mas, obviamente, nunca esquecendo do que deixamos no passado, daquilo que faz parte de nossa história, até porque nada substituirá o modelo de escola tradicional.